Volvo atualiza caminhões com tecnologia Euro 6 e motor próprio

Volvo atualiza caminhões com tecnologia Euro 6 e motor próprio

A Volvo anunciou a atualização da sua linha de caminhões feita em Curitiba. A partir de janeiro de 2023, a famílias F e VM adotam os novos motores Euro 6 – equivalente ao Proconve P8 no Brasil. Os modelos FH, FM e FMX passam a rodar com o conjunto D13K de 13 litros, já usado na Europa. Já City, Light Mixer e VMX estreiam o novo D8K, de 8 litros, fabricado pela própria marca. Essa evolução vai impactar no preços dos veículos, que ficarão cerca de 20% mais caro.

A linha VM também incorpora a nova transmissão i-Shift de 7ª geração, a mesma do FH. Ela possibilita uma troca de marcha até 30% mais rápida comparada à caixa atual. A F, por sua vez, ganha um novo turbocompressor, mais eficiente, que permite gerar torque máximo em rotações ainda menores e ser mais silencioso.

Segundo a Volvo, as novidades melhoram o desempenho, reduz o consumo e o nível de ruído, além de diminuir a quantidade de emissão de poluentes. A queda na emissão de gases nocivos ao meio ambiente no Euro 6 chega a 92% diante do Euro 3, que marcou no país o início de programas mais rígidos nas emissões, de 2006 a 2011. No Euro 5, em vigor desde 2012, essa comparação gira entre 60% e 80%.

Caminhão Volvo VM com motor Euro 6
Caminhão Volvo VM com motor Euro 6 durante lançamento à imprensa na fábrica de Curitiba. Foto: Renyere trovão

Motor Euro 6 de 13 litros

O novo motor D13K Euro 6 estará disponível nas potências 380 cv, 420 cv, 460 cv, 500 cv e 540 cv. É uma evolução do consagrado D13, projetado com um sistema mais eficiente de pós-tratamento de gases. Com componentes mais robustos, oferece um novo sistema Common Rail, dotado de injetores de combustível de alta pressão e precisão.

A linha F vem ainda com a exclusiva tecnologia de combustão “Wave”, que garante uma queima mais rápida e eficiente do diesel com o ar e um maior rendimento. “A tecnologia permite que se injete menos diesel no motor, porém se mantenha a mesma potência e torque”, explica Jesemiel Valério, gerente de Engenharia de Vendas da Volvo Caminhões.

Já o novo turbo compressor gera torque máximo em rotações ainda menores – a partir de 950 rpm -, contribuindo para deixar o propulsor mais silencioso.

Volvo FH 540 cv na estrada
A linha F ficará mais econômica no consumo com o motor Euro 6 e o novo turbo compressor. Foto: Volvo Caminhões

O resultado dessas mudanças é uma economia de até 8% no consumo de combustível comparado à geração atual. “O novo motor vai auxiliar os transportadores a obterem melhores resultados, aumento na produtividade e redução no custo operacional”, diz Jesemiel.

A linha F passa a vir de série com o VEB+ (Volvo Engine Brake Plus), potente freio motor, além de airbag, espelhos auxiliares e piloto automático adaptativo. E, manteve alguns componentes importantes de auxílio à condução:

Aceleração Inteligente Volvo: tecnologia que identifica a necessidade real de torque e potência conforme a topografia e a carga, controlando a injeção de combustível.

I-See pré-mapeado: repassa informações da estrada via conectividade. Além de fazer a gestão dos dados de topografia para gerenciar de forma mais eficiente o embalo, a aceleração, as trocas de marcha e o freio motor para economizar combustível.

Motor Euro 6 de 8 litros feito pela Volvo

A linha VM começa a operar no próximo ano com o motor D8K Euro 6, de seis cilindros e 8 litros, em versões de 290 cv e 360 cv, e freio motor de 210 cv e VEB de 300 cv. Será montado na planta da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), a partir de componentes importados da Índia. Feito pela Volvo, ele vai substituir o de 7 litros fornecido pela MWM à montadora por quase duas décadas.

A fábrica paranaense passará por uma adaptação durante as férias coletivas dos funcionárias no fim do ano para receber a montagem do novo motor. Atualmente, a produção média de propulsores é de 130 unidades/dia. “O consumo de combustível ficará até 10% menor, dependendo da topografia, carga e tipo de operação”, assegura o gerente.

Motor Euro 6 da Volvo
Motor Euro 6 produzido pela Volvo. Foto: renyere trovão

Mais segurança e novo painel colorido

O família VM Euro 6 vai entregar mais segurança durante as operações. Virá com freios eletrônicos EBS, que garantem distâncias menores de frenagem e um aumento da estabilidade do caminhão. E também com o ESP (Programa Eletrônico de Estabilidade), dispositivo de segurança ativa que reduz significativamente o risco de tombamento em curvas fechadas.

Soma-se ainda o Auxílio de Partida em Rampa, um sistema eletrônico que, em arrancadas em aclives, dá mais conforto e segurança ao motorista.

A lista de novidades inclui ainda um novo painel de instrumentos colorido com tela LCD de 4,3″; e um pacote completo de espelhos, incluindo o frontal e o de meio fio; além de faróis de luz diurna em led (DRL) para todos os modelos, incluindo os vocacionais.

Há ainda a nova caixa de transmissão i-Shift de 7ª geração, que também equipa o FH. No entanto, a Volvo comercializa uma versão equipada com motor manual ZF de nove marchas.

Linha VM ganha versão Tractor Power

O VM cavalo mecânico estreia a exclusiva versão Tractor Power, equipada com motor Euro 6 de 360 cv, freio motor VEB de 300 cv e caixa i-Shift. Voltada para operações de logística e média distância, na faixa de 40 toneladas, estará disponível exclusivamente na versão 4×2.

A Volvo também promoveu mudanças nos VMs off road. É uma nova família vocacional, composta pelos modelos VMX e VMX Max. Os veículos têm para-choque de aço e duplos eixos trativos 6×4 e 8×4, além de possibilidade de escape vertical.

A versão VMX da linha off road da Volvo, usado na mineração. Foto: Volvo

O VMX passa a contar com a versão MAX 6×4 rígido, que tem um PBT (peso bruto total) de 34 toneladas, duas a mais que o antecessor. A motorização é de 360 cv, com freio motor VEB de 300 cv. A novidade compartilha uma série de componentes do pesado FMX, como a caixa i-Shift, o eixo traseiro com redução nos cubos, os freios Z-CAM, a suspensão traseira e a viga do eixo dianteiro.

Preços reajustados e plano de manutenção

A introdução de uma série de tecnologias embarcada para atender os novos parâmetros de emissão de poluentes vão encarecer o mercado de caminhões no Brasil. A Fenabrave, associação que reúne os fabricantes de veículos no Brasil, prevê uma alta entre 20% a 25%.

Segundo José Maurício Andreta Jr, presidente da entidade, as concessionárias poderão vender os caminhões Euro 5 produzidos neste ano até o dia 31 de março próximo. Depois dessa data, somente zero km com tecnologia Euro 6.

Já Alcides Cavalcanti, diretor Executivo da Volvo Caminhões, confirmou que o custo maior de 20% com a implantação das tecnologias vai ser ser repassado no preço de venda ao consumidor.

“Mesmo oferecendo produtos com valores acima da média, a Volvo tem a preferência do mercado. O cliente não enxerga só preço, mas também valor no nosso caminhão. Ele sabe que estamos agregando muito no produto que está adquirindo, principalmente em segurança e tecnologia”, salienta.

Contudo, Alcides diz que não prevê um impacto no custo da manutenção, uma vez que as tecnologias adicionadas vão proporcionar menor consumo e redução nos desgastes do componentes, melhorando a operação. “Consequentemente, você tem uma manutenção mais estendida e mais barata”, observa.

Linha de caminhões vocacionais da Volvo também adotam o Euro 6. Foto: Renyere Trovão

Volvo cresce durante a pandemia

A pandemia afetou a produção de veículos, devido à falta de componentes. Mesmo assim, a Volvo conseguiu aumentar o volume de vendas em 8% na região, diante da retração do mercado de 5%.

No Brasil, o crescimento foi de 14%, puxado pelo Volvo FH 540, líder de vendas no segmento de caminhões desde 2019. Por outro lado, os negócios de modelos com PBT acima de 16 ton. recuaram 2% de janeiro a setembro deste ano, comparado a 2021.

A projeção do diretor é que o mercado total de caminhões encerre 2022 encolha 15% em relação ao ano passado. No entanto, ele se diz confiante numa maior demanda com a chegada dos modelos Euro 6. Os clientes, segundo ele, estão animados para renovarem suas frotas. “Nesse momento estamos até com dificuldade de atender novas encomendas mesmo com a produção bastante acelerada”, finaliza.

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