Avaliação: Fiat 500e é a opção elétrica urbana com estilo e tecnologia

Avaliação: Fiat 500e é a opção elétrica urbana com estilo e tecnologia

O Fiat 500e é o primeiro e único elétrico da marca vendido no Brasil. O subcompacto italiano desembarcou no mercado brasileiro em 2021 vindo de Turim na onda dos modelos elétricos que vem se espalhando pelas concessionárias do país. O simpático carrinho é vendido somente na versão Icon, ao preço de R$ 215 mil (tabela de fevereiro de 2024), mas já chegou a custar R$ 250 mil pós lançamento.

O Cinquecento elétrico é comercializado pelo grupo Stellantis, da qual faz parte a Fiat, em algumas praças estratégicas. Na lista estão São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre, Florianópolis, Brasília, Recife e Campinas. A versão plug-in é a da terceira geração do carrinho e, no Brasil, marcou o retorno do 500 após ele sair de cena em 2017.

O TrovãoMotor.com avaliou o Fiat 500e e encarou, inclusive, uma viagem de mais de 1 mil quilômetros entre ida e volta, algo ainda impensável para a maioria de donos, ou futuros proprietários, de um carro elétrico.

E como ele se saiu? É o que você confere nos itens abaixo para, quem sabe, ajudá-lo na hora de escolher qual elétrico colocar na garagem. Atribuímos notas de 1 a 5, representadas pela nossa logomarca com o raio estilizado.


Fiat 500 elétrico abastecendo no eletroposto Benedita, na BR 277, no Paraná
O eletroposto Benedita, entre Palmeira e Irati, no Paraná, não havia cobrança, porém, é de carga lenta. Foto: Renyere Trovão

Fiat 500e não deve sair da cidade!

No primeiro item já vamos direto a uma das inquietações dos veículos elétricos: a autonomia. A nota mediana atribuída na avaliação é um misto de comportamento urbano com o rodoviário. São 42 kWh de armazenamento do pacote de baterias de íons de lítio.

Com carga cheia, o indicador no quadro de instrumentos 100% digital exibe 245 km até o total de descarregamento no modo de condução Normal. Já no Range, sobe para 256 km de autonomia e alcança 286 km, no Sherpa – veja a diferença de cada modo logo abaixo.

Na prática, a carga costuma se esvair mais rapidamente do que faz quer crer o marcador no painel, principalmente na opção Normal. E isso se aplica para qualquer automóvel elétrico, não sendo uma característica somente do 500e.

O gasto mais rápido de energia é resultado da realidade mais severa do trânsito e da forma de condução do motorista quando comparado aos testes de autonomia realizados pelas fabricantes.

Neste caso, temos de considerar as subidas, saídas de semáforos, pisadas mais fortes para uma ultrapassagem ou para sentir a puxada de um motor elétrico, ar-condicionado ligado e por aí vai.

Mas, para a cidade é suficiente. Dificilmente ficará com as baterias baixas antes de chegar em casa ao fim da tarde, quando poderá recarregá-las. Quem faz trajetos mais curtos, vai rodar de três a quatro dias antes de plugá-lo novamente na tomada.

Modos de condução do Fiat 500e

  • Normal: tocada que mais se assemelha à dirigibilidade de um carro a combustão.
  • Range: ativa os níveis mais altos de recuperação de energia. A frenagem é quase completa ao tirar o pé do pedal de aceleração.
  • Sherpa: preserva a autonomia ao máximo, limitando a velocidade máxima a 80 km/h. Desliga o sistema de climatização e o aquecimento dos bancos.

Esse gerenciamento de o alcance é ajustado por meio de um seletor no console central, que abriga ainda o freio de estacionamento eletrônico e os controles de volume do sistema de som.

O motor elétrico de 87 kW rende 118 cv e 22,4 kgfm. O carro é um verdadeiro foguetinho, uma vez que se aproveita do torque máximo imediato assim que o acelerador é pressionado, aliado ao porte menor, que alivia o peso. O zero a 100 km/h acontece em 9 segundos, com retomada de 60-110 km/h em 4,8 s, e a velocidade máxima atinge 150 km/h.

Quanto tempo leva o carregamento

O Fiat 500e vem com um conector para cargas rápidas de 85 kW que, pelos dados da Fiat, carrega 80% da bateria em apenas 35 minutos. Já a recarga feita em wallbox doméstico de 7,4 kW leva quatro horas.

Na prática, usamos duas maneiras de carregamento. Uma foi a tomada doméstica de 110 Volts, que exigiu mais de um dia para ir do 20% a 100%. A outra foi o abastecimento em eletropostos durante viagem feita entre Curitiba e Tupãssi, uma pequena cidade distante 540 km da capital, a Oeste do Paraná, bem ao lado de Cascavel.

A experiência na estrada nos fez perceber que é melhor manter o Fiat 500e em ambiente citadino. Para quem mora em Curitiba, o dono tem a opção de recarregar em shoppings, parques, supermercados, concessionárias e empresas. E, como a capacidade dele é de 87 kWh, significa que uma estação ultrarrápida pode dar um ganho de 80% em poucos minutos.

Também é possível realizar viagens curtas, para locais próximos, com alcance que não supere os 200 km. No entanto, se costuma realizar viagens mais longas e deseja fazer com um Fiat 500e, aí é bom estar bem preparado e disposto a enfrentar um tempo considerável estacionado para reabastecer.

Eletropostos fora de operação

A saga do TrovãoMotor.com com o 500e pelo interior do estado começou por volta das 9 horas da manhã e só terminou após a meia-noite. Isso mesmo, um dia inteiro de viagem. E o motivo foi muito além das paradas para refeição e banheiro, e alguns congestionamentos demorados com sistema “para e siga” (devido a obras) pelo caminho.

Dos oito postos de recarga disponíveis ao longo da eletrovia paranaense entre Curitiba e Cascavel, com distâncias médias de 70 km entre eles, metade estava inoperante.

Para piorar, somente dois funcionavam com 50 kWh plenos de corrente contínua (DC). Os demais, ou apresentava uma potência bem inferior aos 50 DC indicados na “bomba”, ou estava em operação somente a de menor potência, de 42 kWh AC.

Traduzindo, para não correr risco de ficar pelo caminho “sem bateria”, fiz duas recargas completas nos postos de Palmeira e Laranjeiras do Sul (separados por 284 km) e duas de 10% a 15% em Prudentópolis e Candói – pelos problemas citados acima.

Somado todo o tempo de reabastecimento na viagem de ida, o 500e ficou em torno de 3 horas parado. Com o custo beirando os R$ 120 na recarga , já que a Copel (Companhia Paranaense de Energia) responsável pelos eletropostos, cobra R$ 1,85 para cada kW abastecido.

Dica: ligue antes no eletroposto

Por isso, aqui vai uma dica imprescindível: antes de pegar a estrada, ligue nos postos de combustíveis e hotéis onde estão instalados os eletropostos e pergunte se está em funcionamento. Mesmo que o aplicativo da Copel mostre que sim (com uma sinalização em verde), há risco de chegar ao local e se deparar com o sistema inoperante. Lembrando que precisará do app para liberar as recargas.

Outra sugestão é fazer um planejamento em quais estações irá parar, sempre calculando as distâncias entre os pontos. Isso impacta diretamente de como irá conduzir o veículo durante a viagem, se poupando energia ou acelerando sempre no limite de velocidade da via.

Nos 540 km de retorno a Curitiba, o percurso foi mais tranquilo. Já descolado com o desempenho de autonomia do 500e e sabendo os postos que não estavam funcionando direito ou fora de operação, fiz somente duas paradas. É claro, de uma hora cada para a carga completa – se optasse por 80%, a espera seria na casa dos 40 minutos.


Motorista guia o Fiat 500e por ruas de Curitiba
Mesmo com 1,80 m de altura, fiquei bem confortável ao volante do Fiat 500e. Foto: Renyere Trovão

Condução divertida e bem-estar na cabine

Sentar ao volante do Fiat 500e proporciona uma experiência muito divertida. Apesar do tamanho compacto, o motorista se acomoda confortavelmente, sem apertos nas pernas e cabeça. As informações do painel e da central são de fácil leitura.

Uma característica interessante é a ausência da alavanca de câmbio. As posições “P” de estacionamento, “R” de ré, “N” de neutro e “D” para movimentar o veículo são acionadas por teclas na base do painel central. Essa solução prática agrada pela facilidade de uso.

Com um entre-eixos curto, de 2,32 m, e comprimento de 3,63 m (10 cm a menos que as dimensões do Renault Kwid), as manobras em meio ao trânsito são bem ágeis. Assim como são empolgantes retomadas de velocidades, graças à força instantânea entregue pelo motor elétrico.

Poderia ser melhor, como observados em outros modelos elétricos, mas o 500e possui uma certa demora para ganhar velocidade, que é recompensada depois com as respostas mais imediatas quando já em movimento.

Nos modos de condução Range e Sherpa, a desaceleração é forte devido ao sistema de regeneração das baterias. É possível até parar completamente em um cruzamento ou congestionamento sem precisar usar o pedal de freio.

Bom de curvas e ótima acústica

Além disso, fazer curvas com ele é bastante tranquilo e a estabilidade impressiona. O carro entrega uma ótima acústica, com a redução considerável do ruído externo, proporcionando uma condução agradável.

O conforto no 500e é ainda mais valorizado pelos bancos de couro e os vários recursos, como teto solar panorâmico (que a partir do modelo 2023 passou a ser fixo), acabamento de qualidade, com tom creme no couro dos bancos e freio de estacionamento eletrônico.

A carroceria mais baixa e próxima do solo leva a crer que toda a imperfeição do piso é transmitido para dentro do habitáculo. Porém, isso é amenizado pelo bom trabalho de suspensão feito pelos engenheiros da Fiat.

A suspensão não é rígida, muito menos macia demais, o que garante um rodar sem trepidações ou desconfortos. Os pneus de dimensões mais largas também ajudam no trabalho de filtrar as batidas no solo.


Imagem do interior do Fiat 500e, mostrando os bancos
Bancos em couro e teto solar panorâmico deixam o ambiente agradável. Foto: Renyere Trovão

Sob medida para rodar na cidade

A boa nota atribuída a esse quesito levou em conta a proposta vocacional do carro. Se você é solteiro (a), ou tem uma família pequena, com um filho (a), se encaixa no perfil de usuário do modelo. O tamanho reduzido do veículo limita transportar passageiros no banco detrás com boa comodidade.

Um adulto com uma certa estatura, por exemplo, fatalmente irá tocar os joelho no encosto, a não ser que o passageiro dianteiro seja baixo ou posicione o banco mais próximo ao painel. Por sua vez, os ocupantes da frente não tem do que reclamar.

Durante a viagem para o interior, fui com a família: uma mulher de 1,65 m ao meu lado, e atrás um adolescente, na mesma faixa de tamanho. Tirando a demora até a chegada, não houve críticas de apertos na acomodação.

Vale destacar que o modelo é de duas portas. Por isso, os bancos dianteiros deslizam levemente para frente a fim de oferecer maior espaço para o acesso e saída dos assentos atrás.

A capacidade do porta-malas acompanha a vocação urbana do carro. Só carrega 185 litros de bagagem. Contudo, há possibilidade de rebatimento dos encostos traseiros, aumentando o espaço para o transporte de mais cargas.


Painel do Fiat 500e, com mostradores digitais e central multimídia.
Botões no lugar da alavanca de câmbio e tela horizontal da central multimídia. Foto: Renyere Trovão

Multimídia e piloto adaptativo

Como a maioria dos automóveis elétricos, a lista de itens e funções tecnológicas do 500e é ampla. Ele entrega muita coisa, algumas até chamam a atenção.

A central multimídia, por exemplo, merece elogios. No formato retangular, possui ótima resolução e traz GPS nativo, espelhamento de celulares Android Auto e Apple CarPlay, controles do ar-condicionado e gráficos de funcionamento das baterias. É simples acompanhar o quanto está sendo gasto, qual é a autonomia disponível, e quais componentes estão consumindo energia.

Um destaque especial para o excelente comportamento do ACC. O piloto automático adaptativo acelerou e freou com precisão e contornou curvas com segurança por meio da tecnologia semiautônoma (sem as mãos do motorista no volante), fazendo uma leitura rápida das faixas de circulação na pista.

Para quem curte mimos extras, não há maçanetas por fora e sim um espaço côncavo no qual se aperta um botão para travar e destravar as portas. Já por dentro, outro botão está à mão para abrir a porta, ou por meio de uma alavanca mais abaixo, se preferir.

As tecnologias do 500e

  • Faróis full led.
  • Quadro de instrumentos com tela 7″ full digital de alta resolução e personalizável.
  • Central multimídia de 10,25 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay sem fio.
  • Carregamento wireless para smartphone.
  • Acesso por chave presencial.
  • ACC (Controle de velocidade adaptativo): piloto automático adaptativo com sistema Traffic Jam para controle automático de frenagem e aceleração em congestionamentos e trânsito lento.
  • Assistente de permanência no centro da faixa.
  • Frenagem automática de emergência.
  • Alerta de veículo no ponto cego.
  • Parking Assist com sensores de estacionamento 360°.
  • Sistema de ajuste modo de condução (Normal, Range e Sherpa).
  • Transmissão automática com comando por botões no painel (Estacionar, Dirigir, Ré, Neutro).
  • Freios elétricos com Hill Holder (assistente de partida em aclives).
  • 6 airbags (frontais, laterais e de janelas).
  • Cabo de carregamento padrão: 1,8 kW monofásico.

Fiat 500e visto de frente, com iluminação full led
Iluminação full led e o nome do modelo ao centro no lugar do logo da Fiat. Foto: Renyere Trovão

Encanto retrô do Fiat 500e

O Fiat 500e gabaritou neste quesito. É impossível não se encantar com o visual que segue o modelo clássico do carro da década de 1960. Seu estilo realmente impressiona por onde passa. Os faróis full led, com uma distintiva “sobrancelha” de luz diurna, são o destaque. No para-choque, a dupla de arcos redondos para o farol de neblina e o pisca de direção e alerta chamam a atenção.

A dianteira apresenta o nome 500 centralizado abaixo do capô, no lugar do logo da Fiat. Não há grade frontal, pela ausência de motor sob o capô que necessite de refrigeração – os propulsores elétricos ficam alojados nas rodas do eixo dianteiro. Na parte inferior, há uma entrada de ar que lembra um simpático sorriso e refrigera as baterias, posicionadas no assoalho do carro.

O charme também está nas setas laterais, que parecem asas saindo do capô, resgatando uma solução retrô usada por automóveis do passado.

As rodas de 16 polegadas têm acabamento cinza escuro, com muitos raios. Os pneus robustos 195/55 preenchem bem a caixa de roda. Na traseira, o visual característico do 500 é iluminado por luzes em led com elementos internos em formato de “C”.

Modernidade no interior

Por dentro, o importado exibe um contraste visual, com um toque moderno. A faixa central do painel repete a cor da carroceria, como no caso da unidade de avaliação, que tinha o tom branco chamado pela Fiat de Bianco Ghiaccio.

O painel de instrumentos é pequeno, funcional e tem uma aparência bem contemporânea. O volante de dois raios bicolor é outra homenagem ao modelo clássico. Outros recursos de design que valem a pena destacar são a abertura interna das portas por meio de botões e os bancos em couro claro costurados formando o logo da Fiat.

A Fiat também seguiu uma prática muito utilizada pela Jeep e incluiu alguns “easter eggs” no carro. Os tapetes do puxador das portas apresentam o desenho de um 500 original e a inscrição “Made in Torino”, enquanto na base do carregador por indução há um desenho da linha de visão da cidade sede da empresa.


Fiat 500 elétrico durante recarga em eletroposto de Palmeira, no Paraná.
Fiat 500 elétrico na estação de recarga em Palmeira, distante 81 km de Curitiba. Foto: Renyere Trovão

Escolha emocional

O icônico estilo do Fiat 500e faz dele uma opção elétrica de destaque entre os rivais chineses GWM Ora e BYD Dolphin, o Renault Zoe e o Mini Cooper S E. O compacto não é o mais em conta, nem o de maior autonomia ou potência, por isso a compra acaba indo para lado mais emocional.

Em suma, é uma escolha atraente para quem busca um veículo urbano com um estilo icônico, sem abrir mão, é claro, do bom desempenho, tecnologia e beleza.

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