JAC lança T60 e aumenta a artilharia SUV no Brasil
- Renyere Trovão
- 16 de dezembro de 2019
A JAC Motors continua a sua ofensiva de apostar em utilitários esportivos. Na sopa de letrinhas e números, a bola da vez é T60, que estreia no Brasil com motor turbo.
O modelo intermediário com porte de Jeep Compass e preço de Honda HR-V fica posicionado entre o compacto T50 e o médio T80, de 7 lugares. Há ainda o crossover T40 e os 100% elétricos iEV20 e iEV40.
E a cada novo lançamento, a marca chinesa mostra evolução na construção, acabamento e visual dos carros.
O novo T60 é bem resolvido no desenho e nada lembra o seu antecessor T6. A frente traz um visual inédito dentro da marca, com destaque para os faróis com projetores, contornados pela luz diurna em led, e a grade com elementos pontilhados em acabamento fosco.
A traseira exibe uma barra cromada, que cruza a tampa do porta-malas, abriga o emblema da marca e une as lanternas horizontais.
O cromo também está no contorno da faixa refletiva do pra-choques que liga as luzes de neblina. O resultado é um conjunto traseiro agradável aos olhos.
Motor, consumo e itens de série
A novidade chega em versão única com motor 1.5 turbo a gasolina, de 168 cv e 21,4 kgfm de torque a partir de 2 mil giros. O câmbio é automático do tipo CVT, de relações infinitas, mas com 6 marchas simuladas e opção do modo esportivo.
Avaliamos o modelo durante a apresentação à imprensa automotiva, em São Paulo. A presença da turbina no propulsor com quatro cilindros deixa o carro mais esperto, frente à morosidade típica da transmissão CVT.
Nada que vá empolgar motoristas mais exigentes, porém a entrega de bom torque a giros baixos faz as saídas de cruzamentos e as ultrapassagens menos demoradas.
A certa agilidade em velocidades mais baixas também é favorecida pela direção elétrica leve e progressiva (fica mais pesada à medida que o velocímetro sobe).
Até o nível cruzeiro de rodovia – 110 km/h -, o 1.5 turbo trabalha sem grandes sofrimentos, com poucas mudanças na rotação.
A partir daí, subir a velocidade significa ouvir um som mais ruidoso do propulsor, que pode incomodar dentro da cabine por conta do CVT.
Atingir rotações elevadas fica mais difícil, prejudicando retomadas e ultrapassagens. Uma saída é recorrer às trocas simuladas de 6 marchas “virtuais” (apenas na alavanca, não há borboletas atrás do volante) ou acionar o modo esportivo para melhorar o desempenho, mas aí é barulho invadindo a cabine.
A suspensão é silenciosa, porém macia o suficiente para que a carroceria oscile um pouco em mudanças mais bruscas de direção.
O ajuste foi pensado para o conforto, com suspensão independente, do tipo McPherson, na frente, e eixo de torção na traseira. Só é preciso tomar cuidado ao passar em lombadas e buracos, que a batida de fim de curso das molas é certa.
Nas curvas, o comportamento do carro é estável, ajudado pelo perfil baixo dos pneus (215/50) que calçam as rodas de liga aro 17.
O consumo, segundo o Inmetro, é bastante interessante para um utilitário:
- Cidade: 12,4 km/l
- Estrada: 15,7 km/l
O peso relativamente baixo, cerca de 1.300 quilos, contribui para os bons números.
Durante a avaliação pela rodovia Castelo Branco, entre São Paulo e Araçariguama, o computador de bordo registrou uma média de 14,4 km/l, com velocidades entre 90 a 120 km/h.
Como todo automóvel chinês que se preze, o T60 entrega um bom nível de equipamentos. Oferece componentes só disponíveis em versões intermediárias e de topo dos concorrentes de menor porte.
Entre os principais itens de série estão:
R$ 99.990 (Pack 2)
- direção elétrica progressiva
- painel 100% digital com três opções de tela configurável
- abertura e fechamento das portas e partida sem chave
- sensor de estacionamento traseiro e dianteiro
- central multimídia com tela retangular e espelhamento do celular
- central de comandos do carro com tela sensível ao toque
- faróis com projetores e regulagem elétrica de altura do facho
- luz diurna e iluminação dos faróis de neblina em led
- câmera 360 graus
- porta-malas de 650 litros
- monitoramento de pressão dos pneus
- assistente de partida em rampa
- controles de estabilidade e de tração
- piloto automático
R$ 104.990 (Pack 3)
- +teto solar elétrico e bancos em couro, com ajuste elétrico de distância para o motorista
Pecados para um carro de R$ 100 mil
Apesar de bem equipado, o T60 traz alguns pecados para um carro nesta faixa de preço. Ele vem somente com os dois airbags frontais obrigatórios.
É um deslize numa época em que a segurança veicular passou a ser um importante fator de compra para o consumidor. Tanto que há carros de entrada, como os hatches compactos, que já vêm com pelo menos as bolsas laterais.
O T60 também aderiu à moda do teto biton, no caso em preto. Só que trata-se de um adesivo plástico e não uma pintura. Com isso, um olhar mais apurado flagra partes em branco nas divisões do teto com o restante da carroceria.
O ar-condicionado possui comandos digitais, mas o controle de temperatura é ajustado por uma escala tracejada e não pela numeração em graus. Assim, exige uma paciência extra para encontrar a temperatura ideal.
O painel 100% digital, por sua vez, é bonito e as três opções de configuração são bem interessantes. Mas o revestimento da tela gera reflexos que dificultam a leitura em ambientes claros.
E, por fim, o ajuste elétrico do banco do motorista é somente para profundidade do assento. O encosto continua no modo manual, pela tradicional alavanca lateral.
Espaço de sobra e porta-malas generoso
No olhômetro não é tão perceptível que o T60 tem o porte do Compass. Mas ele tem. São 4,41 de comprimento e 2,62 m de entre-eixos (contra 4,42 m e 2,63 m).
O porta-malas comporta 650 litros de bagagem, bem acima do Jeep, que leva 410 l.
Na verdade, o JAC irá brigar diretamente com o Caoa Chery Tiggo 7, feito no Brasil. O rival tem comprimento e entre-eixos mais longo (4,50 m e 2,67 m). O porta-malas é menor (414 l).
Já o propulsor 1.5 turboflex do Tiggo 7 rende 150/ 147 cv e 21,4/ 21,3 kgfm (etanol/ gasolina). O preço de tabela começa em R$ 107 mil, mas a Caoa Chery andou fazendo promoções de até R$ 12 mil, reduzindo o valor para R$ 95 mil.
- Visual moderno
- Motor 1.5 turbo com boas respostas em baixas rotações e combinação do câmbio CVT na cidade.
- Ótimo desempenho no consumo de combustível
- Amplo espaço interno e do porta-malas
- Pacote de itens de série superior ao de versões intermediárias e completas de SUVs compactos
- Preço de SUVs menores e menos equipados
- Possui apenas os dois airbags frontais obrigatórios
- Câmbio CVT compromete o desempenho do motor turbo em velocidades mais altas.
- Ar-condicionado digital não traz indicação de regulagem em graus da temperatura.
- O ajuste do encosto do banco do motorista é feito por uma alavanca manual – elétrico é somente para profundidade e altura do assento.
- Teto bicolor em preto é um adesivo plástico.