De médico a “Doutor Caoa”, Carlos Alberto de Oliveira morre aos 77 anos

De médico a “Doutor Caoa”, Carlos Alberto de Oliveira morre aos 77 anos

Carlos Alberto de Oliveira Andrade, fundador do Grupo Caoa (que tem as suas iniciais) morreu na manhã deste sábado (14) aos 77 anos. O empresário era um nome importante na indústria automotiva brasileira, responsável pela representação das marcas Hyundai, Subaru e Chery.

Doutor Carlos, como ficou conhecido, ingressou no mundo dos carros por acaso. Na década de 1970, o então médico formado pela Universidade Federal de Pernambuco comprou um Ford Laudau numa concessionária de Campina Grande, na Paraíba, seu estado natal, mas não recebeu o veículo porque a loja faliu antes.

Ele propôs assumir o estabelecimento em troca do pagamento do veículo. A negociação saiu barato. Ótimo comerciante, que aceitava de carros usados a terrenos e cabeças de gado para não perder a venda, não demorou para construir o maior grupo de concessionárias Ford do país, com unidades também em Recife e São Paulo.

O espírito empreendedor era nato em Carlos Alberto. Vindo de uma família de 17 irmãos, na adolescência vendia café aos clientes de um empório de secos e molhados de seu pai. Na juventude, virou sócio de uma frota de táxi, antes de migrar para a medicina, tornando um dos primeiros cirurgiões gástricos de Campina Grande. 

Hyundai Tucson primeira geração
Primeiro importado e depois feito no Brasil pela Caoa, o SUV Tucson fez grande sucesso no Brasil.

Império cresce com a importação

Na década de 1990, com a abertura do mercado automotivo, o império se expandiu com a importação e revenda de carros da montadora francesa Renault – que ainda não tinha produção local.

Mais tarde, a empresa passaria a ser a representante oficial da japonesa Subaru e da sul-coreana Hyundai, com sucesso de vendas do SUV compacto Tucson, rivalizando à época com Ford EcoSport.

Em 2007, com o sucesso da Hyundai no país, investe R$ 1,2 bilhão na Caoa Montadora de Veículos, em Anápolis (GO). Dez anos depois, outros US$ 60 milhões são aportados no controle majoritário da chinesa Chery no Brasil, criando a Caoa Chery, uma montadora nacional com mais um unidade fabril, a de Jacareí (SP).

O grupo abriu 42 lojas em apenas 10 meses para distribuir os veículos da nova aliança, que hoje está no top 10 de fabricantes de automóveis no mercado brasileiro. Até o fim de 2021, a projeção da marca é atingir 150 pontos de vendas no país.

Atualmente, o Grupo Caoa produz os modelos ix35, New Tucson e as linhas HR e HD, da Hyundai, e os veículos Tiggo 2, Tiggo 5X, Tiggo 7 e Tiggo 8, da marca Caoa Chery.

Caoa Chery Tiggo 8
O SUV premium Tiggo 8 é um dos destaques do catálogo da Caoa Chery. Foto: CAOA Chery/ Divulgação

Grupo Caoa sob o comando de executivos

Carlos Alberto havia se afastado do comando da empresa em 2013, passando a presidência para Antônio Maciel Neto, ex-chefão da Ford do Brasil. O empresário virou presidente do conselho. Desde 2017, a Caoa Chery está sob a gestão de Mauro Correia.

Em nota, o Grupo Caoa informou que o “Doutor Carlos” já estava com a saúde debilitada devido a um tratamento e faleceu durante o sono ao lado de sua esposa e filhos. E também que o grupo continuará a ser gerido pelos atuais executivos.

“A empresa, de acordo com o plano de sucessão e governança, continua a ser gerida por seus atuais executivos, que lamentam o falecimento de seu fundador e se solidarizam com a família neste momento”, disse a diretoria do Grupo Caoa.

Carlos Alberto de Oliveira e
Carlos Alberto de Oliveira (à dir) durante o lançamento do Tiggo 2, já sob a marca Caoa Chery. Foto: Divulgação

Polêmicas do Zelotes e com a Hyundai Motors

O nome de Carlos Alberto de Oliveira Andrade esteve envolvido em momentos polêmicos, como a acusação de corrupção e de envio de dinheiro a paraísos fiscais na operação Zelotes. A Polícia Federal investigou a compra de medidas provisórias para beneficiar empresas instaladas na região Centro-Oeste do Brasil.

O Grupo Caoa acabou inocentado em março deste ano pelo Supremo Tribunal Federal, após quatro anos de investigações e brigas judiciais.

Outro caso de repercussão foi o embate travado com a Hyundai Motors. A empresa sul-coreana não queria renovar o contrato de representação do Grupo Caoa, e assim assumir de vez as operações da marca no Brasil.

A queda de braço foi parar num tribunal internacional, que deu ganho de caso à empresa brasileira, sob a alegação de que o contrato anterior determinava a renovação automática dos direitos por mais 10 anos.

Caoa Chery Tiggo 8Caoa Chery Tiggo 8 aposta no custo-benefício

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