A produção de motocicletas no Brasil cresceu 18% no primeiro semestre, com um volume de 671,3 mil unidades – o maior desde 2015. O desempenho surpreende e faz a Abraciclo (associação que representa as fabricantes de motos) revisar para cima a previsão de 2022. Em vez de 1,29 milhão, a expectativa agora é de 1,32 milhão de motos a serem produzidas nas plantas de Manaus (AM), ou um pulo de 7,9% para 10,5% na projeção.

Nos primeiros seis meses do ano foram montadas 102 mil exemplares a mais que no mesmo período do ano passado. Segundo a Abraciclo, esse bom desempenho deve-se à expansão dos serviços de entrega (delivery) e à migração de usuários de carros para motocicletas, que buscam economia do veículo no consumo diante dos aumentos sucessivos nos preços dos combustíveis.

A indústria de motos também não sofreu tanto com os gargalos de produção observados no setor de automóveis, que foi forçado a parar a linha de montagem devido à falta de componentes eletrônicos. As montadoras de duas rodas vêm conseguindo atender melhor a demanda, apesar de a fila de espera por modelos de baixa cilindradas e scoorters ainda estar na casa dos 30 dias, em média. No caso das motocicletas premium e de uso misto, o estoque nas concessionárias já foi normalizado.

“As unidades fabris retomaram o ritmo das linhas de montagem e registram crescimento sustentável durante o primeiro semestre”, explica Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo.

Abraciclo prevê maior produção em 8 anos

Caso a nova previsão da Abraciclo se confirme, o setor de motocicletas vai registrar o maior patamar de produção desde 2014, ano que precedeu ano a recessão da economia brasileira. Naquela época, foram produzidas 1,52 milhão de unidades.

Essa tendência deve puxar também o crescimento das vendas no varejo. A associação projeta o incremento de 6,3% para 8,9% em relação a 2021, alcançando 1,26 milhão de motos zero km emplacadas durante o ano. Já nas exportações, a alta prevista é de 4,7%, com 56 mil motocicletas embarcadas.

De acordo com Marcos Fermanian, a demanda continua a superar a oferta, com uma boa oferta de crédito após o retorno de grandes bancos ao segmento e os preços mais acessíveis das motos em relação aos carros. Para o executivo, muitos usuários de automóveis encontraram nas scooters uma alternativa mais rápida e barata para o deslocamento urbano.

“No momento de renda corroída por processo inflacionário, muitos brasileiros encontram na motocicleta um veiculo ágil, de custo de manutenção mais em conta e de facilidade de aquisição”, comentou.

Férias freiam produção em junho

No mês de junho a produção somou 101,7 mil motos, queda de 21,6% na comparação com maio. Um dos motivos para a baixa foi o início, na última semana de junho, das férias coletivas nas fábricas. Em relação ao mesmo mês do ano passado, a retração ficou em 3,6%.

“As fábricas aproveitam essa parada para realizar as manutenções e os ajustes necessários em suas linhas de montagem”, explica Marcos Fermaniam.

Vendas caem em junho, mas sobem no ano

Às vendas, por sua vez, registraram queda de 9,4% em junho, comparado a maio. No entanto, houve alta de 13,3% em cima de junho de 2021.

Já no acumulado do ano, os licenciamentos de motos totalizaram 636.565 unidades no primeiro semestre, aumento de 23,1% na comparação com o mesmo período do ano passado. Este foi o melhor desempenho nos seis primeiros meses do ano desde 2015, quando as empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM) produziram 641.707 motos.

A categoria mais licenciada foi a Street, com 59.364 unidades e 49,1% de participação no mercado. A Trail ficou em segundo lugar (24.213 motocicletas e 20% dos emplacamentos), seguida pela Motoneta (18.169 unidades e 15%). Foram licenciadas 100,5 mil motocicletas de baixa cilindrada (até 160 cilindradas), o que corresponde a 83,1% do mercado.

Estamos atentos às diversas variáveis que poderão impactar negativamente o mercado, como a alta da inflação e o aumento da taxa de juros que reduzem bastante o poder aquisitivo da população. Além disso, estamos num ano eleitoral e, como acontece sistematicamente, isso gera muito estresse no mercado.

Marcos Fermaniam, presidente da Abraciclo

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